Elas são chatas, incomodam e às vezes são quase insuportáveis… Mas acredite, aquela teimosia típica da primeira infância que chamamos de “birra” é, em muitos casos, necessária!

Essa foi uma das sacadas de mestre de Henri Wallon, psicólogo francês estudioso da infância, que inspirou educadores em todo o mundo. Segundo Wallon, há uma fase que gira em torno dos 3 anos de idade em que a birra aparece como marca registrada.

É quando a criança opõe o eu ao não eu. Mas o que isso significa na prática? Simplesmente que a criança combate qualquer ordem, convite ou sugestão que venha do outro, buscando, com o confronto, testar a independência de sua personalidade. Nessa fase a criança tende a exagerar o seu ponto de vista e muitas vezes ela dá mais valor ao fato de vencer uma disputa do que ao objeto que ela está disputando.

Certamente depois dessas afirmações virá a pergunta dos pais: E como devo agir diante desses ataques de birra? Pois aí é que residem os maiores erros, já que a maioria dos pais procuram evitar os conflitos, seja por pena da criança ou por medo de passar vergonha, sobretudo quando os conflitos acontecem em público. Mas não tem jeito, a birra terá que ser enfrentada, pois o que a criança realmente necessita é que o adulto seja firme em sua autoridade para que ela conheça os seus limites.

Se esse processo é bem conduzido, a fase da birra passa rapidamente e o resultado final é uma criança amorosa e profundamente grata aos pais que a ajudaram a se conhecerem melhor.

Escrito por Roger Hansen
Doutor em Educação e Pesquisador da Primeira Infância